Cada vez mais
sei que é arte.
Tudo é, em seus anais.
Mas sabe como é, homens são de Marte.
Arte, como a do amigo que sonha, com as vergonhas
da moça do cartaz.
Que se imagina, ele, com ela, com as fronhas.
Por esta, seria capaz, seria capataz.
Cada vez mais
sei que é arte.
De homens, não de animais.
Mas sabe como é, a falta, faz parte.
A garota que deita.
O quadro que desenha.
A faixa de areia, estreita.
O rapaz a quem desdenha.
Cada vez mais
sei que é arte.
Aqui, no Rio, na ilha, ou nas Minas Gerais.
É coisa que dura, que nem o tempo reparte.
Um outro mês
madrugada a dentro.
Ouvindo sempre aquela música em francês.
Lembro dessa e daquela, não me concentro.
Cada vez mais
penso que é tarde.
Escrevo notas dos pensamentos abissais,
Findarei este em voz alta, mas sem alarde.
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