quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Qual?

Qual frase tem mais força; aquela iniciada com 'Eu sei' ou a iniciada com 'Eu quero'?

domingo, 7 de outubro de 2012

De aparência delicada, meiga. A garota vivia uma vida boa, suburbana mas proclamava para si a vida que os de lá queriam que ela vivesse.
Escutava muitas coisas diferentes. Queria ser dark, mas não podia. Suas amigas também não podiam. Isto é; será que ela teve amigas?
Talvez quisessem ser assim, ter contato com essas coisas porque a vida era boa demais, porque não conseguiam imaginar com toda a força e veracidade grotesca, detestável e agoniante - ainda que todas tivessem excelentes habilidades criativas e psicomotoras.
Tinha uma que era puta. Mas ela não fazia diferença; viviam como uma porca se afundando na lama guiada pelas drogas e por alguns garotos que cometiam pequenos crimes e que cheiravam umas carreiras às vezes.

Essa merda toda já não faz sentido. Por que corriam atrás dos vadios? Bem, é porque às vezes as garotas gostam dos caras que fazem elas sofrerem. A mente feminina é atormentada até por ela mesma.
Será que Kerouac iria gostar disso?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

É.

O tempo não volta. Isso dá desgosto. O teu tempo é o desgosto.
Quantas vezes quiseste voltar atrás? É. Mas não vai; o tempo só segue para frente, só avança, só dilacera tua criança.
Inveja. Raiva. Remorso. Vingança.
Mas acalme-te! Não houve delito! Nenhum outro deverá punir-te. Aquela que o punirá, tu conheces bem; está dentro de ti; na sua mente. Seus dias serão preenchidos das recordações que poderiam ser. Vejamos então a figura grotesca que emana do interior.
A religião diz que a inveja é ruim. Mas não importa, este deus não existe e é só mais um ídolo hipócrita tal como a instituição depravada que o rende graças. Com 'tua obra' caída, teus (sim, os teus) demônios batem asas!

Este ser se acalma por fim. Mas o remorso do não está ali, latente, esperando pacientemente para o momento em que será consumado, esperando junto à raiva, esperando junto à inveja. Doce inveja. Ela move todas as criaturas. Todas degeneradas. Ela as corrói, mas estão passivas, estão sedadas, sendo assim, não dói.

Só queria voltar atrás, fazer o que não fez. Queria e nunca poderá. Quer seja a infância, quer seja a adolescência, não poderá. O que fez? Nada. O que gostaria de ter feito? Tudo. O que quer fazer? Tudo. Tudo, mas nada que faça será o suficiente, visto que estas coisas deveriam ter sido feitas antes - naquele 'antes', naquele passado inalcançável, enterrado, que não pode ser revivido, não pode ser alterado.
Gostaria de ter sido normal. Foi simples, tosco, anormal; foi ruim, foi único, foi diferente, até excêntrico; nada que fizera foi surpreendente, não teve grande sorte, não era bom em nada em especial. Hoje este é um pouco normal [de fato], mas gostaria de ser excêntrico, de ser único, de ser diferente; hoje o  ser excêntrico, o único, e o diferente são o 'ser normal'. Insano. Se remói em si mesmo. Não tem idade para ser quem queria: fatalismo. O único que é.

domingo, 10 de junho de 2012

Diário de uma Garota

Inveja, ódio, raiva, medo e nostalgia. Esses eram os sentimentos que meus amigos sentiam, uns mais outros menos. À estes está associado ainda o sentimento de culpa e o de negação. E por isso fumam e bebem, e inventam mentiras para si mesmos e para outras pessoas. Em suma, só mais uma história normal; constatação de nossos tempos.
Alguns não confiam em si mesmos, mas em quem vão confiar? No Zé da esquina, no cara que cheira umas carreiras de pó no banheiro, no playboy passando de carro 0 com duas piriguetes que só querem se aproveitar de seu dinheiro, ou no porteiro tarado? Talvez na velha mesquinha que vende chocolates e que depois a neta drogada xinga? Não, estas pessoas estão ainda piores que eles mesmos. Então, sentem-se mal por não terem grandes problemas. Vão à esquina famosa, e bebem mais com seus amiguinhos que não são amiguinhos na verdade - apenas companheiros de copo. Uns bêbados chatos. Só fico me perguntando como deve ser a 'psyque' dessa gente.
Minhas amigas, por vez, gostam de se dizer santas mas gostam mesmo é de pegar um bom canalha, daqueles que fazem você se sentir especial, que você sabe que vai dar problema, que é um cara errado, mas que é perfeito pra se divertir. Há ainda as que só pensam em trabalhar, a maioria pensa que elas são umas coitadas... podem até ser, mas são as mais legais.

Já esta que vos fala olha isso com certa pena. Olho pra mim mesma e não me vejo assim como estes, ainda bem. Tenho uns problemas sim... Talvez eu não confie em mim mesma, mas quem é que confia em tudo de si? O foda mesmo é ter que responder perguntas que não gosto, coisas que me deixam nervosa, ou meio exposta... Tipo perguntas de coisas íntimas, coisas pessoais, que minhas amigas e às vezes até uns amigos mais avançadinhos me fazem toda hora. Mas consigo dar um jeito bem neles, é um tanto incômodo, mas depois que olho pra trás parece bem divertido. Tem umas vezes também, que eu tenho que mentir pra escapar de um papo chato, mas é só uma mentirinha, não faz mal e ninguém vai ficar sabendo. Confesso que já menti e omiti para poupar minhas três melhores amigas (uma nem é mais minha amiga, mas ainda assim considero). É aquela coisa né: a verdade machuca. Mas quando é pra mim, prefiro saber a verdade, mesmo que machuque.

Tem uma piranha de marca maior lá do serviço que quis sair comigo ontem, tive que ir pra fazer social. Foi uma bosta, pior que ela resolveu fazer compras e fomos ver umas calças, umas saias e meia calça também. Ela teve a falta de noção de comprar uma saia com estampas coloridas, parecia uma colcha de retalhos, e para fechar com chave de ouro, ainda comprou uma meia arrastão e uma cinta liga. De certo quer aumento  ou alguma coisa do chefe... Mas o que mais me irritou foi ela ter postado tudo isso na internet e com fotos ainda, que fui obrigada a tirar com ela pra não ficar chato. Tudo isso, além da conta de luz que veio errada, muito alta - mais de mil -, pela segunda vez! E pra piorar, ainda na minha tpm!

Acho que já foi bastante, vou comer o resto do brigadeiro que eu fiz de tarde e ir ver um filme.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Encasulada

Dizem que os opostos se atraem. É mentira.
Havia um garoto chamado Eduardo que era bom em algumas coisas, mas não em tudo, falava bastante, não era do tipo mudo. Havia uma garota chamada Camila que era boa em algumas coisas, boa na maioria das coisas, mas em outras ficava confusa.

Num dia quente, provavelmente com chuva, não temos certeza, eles se conheceram. Se olharam e ambos pensaram: "Nossa, que babaca aí na minha frente." Entretanto sorriram e foram embora. Talvez Eduardo tivesse pensado alguma outra coisa, possivelmente envolvendo cerveja.

Dias se passaram e contra suas vontades, tiveram que conviver. A aversão mútua hora crescia, hora se apagava. Muito mais por parte de Eduardo, ele era instável. Muitas pessoas reclamavam disso na verdade.
Já Camila era mais estável (bem mais), porém - sempre os poréns - era um tanto tímida. De qualquer maneira, todos contornavam isso, ou simplesmente a contornavam e prosseguiam. Esse tipo de atitude alheia foi o que encasulou Camila por alguns anos, até que ela se tornasse esquiva. O mesmo acontecera com Eduardo, certamente por motivos diferentes, mas em alguma parte do processo, alguém acidentalmente quebrou seu casulo.

Mais algumas semanas, cada vez mais curtas, se passaram, e Eduardo pensou em não pensar. Não conseguiu. Camila, por outro lado, pensava em pensar, e apenas nisso. Ela tinha medo de não pensar, assim como você leitor provavelmente também teme. Eduardo já fora como Camila, mesmo sem querer (e quem é que pode afirmar que Camila queria isso?), mas se transviara. Uma pena, talvez - depende do ponto de vista.

Mais algumas noites vieram e se foram, e Camila começou a não pensar, mas ficou com medo e logo tratou de ser esquiva; desviava habilmente da ausência de pensamento. Eduardo pensava cada vez menos. As coisas não batiam. Eles se olharam algumas vezes mais - nota-se que Eduardo olhou mais -, e não pensavam mais o mesmo que no início, sequer pensavam. Isso os incomodava ou os assustava, eles também não tinham certeza. A única certeza é que então, ambos se olhavam. Apenas se olhavam, e tudo o que havia era a imagem um do outro expressa em suas pupilas.

Seis dias depois, Camila resolveu ser mais Camila do que de costume; esquivava-se melhor.

Eduardo me contou isso. Prometi que não escreveria nada sobre o assunto, mas cá estou eu, contanto estórias distorcidas, cheias de subjetividades e comentários de outros que já estão sabendo do que Eduardo me contou.

Certa hora Camila começa a sair de cena. E tudo nos leva a crer que esta hora é agora. À noite todos saem de cena, só restam os gatos pulando de muro em muro e os bêbados sentados em meios-fios com suas garrafas de cachaça. A debandada do palco, o apagar de luzes momentâneo só faz Eduardo pensar que ele sempre viu Camila de perfil, nunca de frente mostrando um sorriso singelo. Camila virou uma silhueta virada de lado, num retrato quadrado, fora de cena, fora do teatro da cabeça de Eduardo, que outra vez acordou de um sonho. Calado.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Em voz alta.

Cada vez mais
sei que é arte.
Tudo é, em seus anais.
Mas sabe como é, homens são de Marte.

Arte, como a do amigo que sonha, com as vergonhas
da moça do cartaz.
Que se imagina, ele, com  ela, com as fronhas.
Por esta, seria capaz, seria capataz.

Cada vez mais
sei que é arte.
De homens, não de animais.
Mas sabe como é, a falta, faz parte.

A garota que deita.
O quadro que desenha.
A faixa de areia, estreita.
O rapaz a quem desdenha.

Cada vez mais
sei que é arte.
Aqui, no Rio, na ilha, ou nas Minas Gerais.
É coisa que dura, que nem o tempo reparte.

Um outro mês
madrugada a dentro.
Ouvindo sempre aquela música em francês.
Lembro dessa e daquela, não me concentro.

Cada vez mais
penso que é tarde.
Escrevo notas dos pensamentos abissais,
Findarei este em voz alta, mas sem alarde.