sábado, 20 de agosto de 2011

Gris Moyen

Acabei de ver um filme que trabalha bem a inteligência. Mas não a inteligência que - especialmente nós homens - estamos habituados. Não aquela inteligência, por definição racional, lógica. A inteligência a qual o filme nos remete é quase antagônica, ainda que complementar à já dita; é a inteligência emocional.
Talvez você que está a ler esteja se perguntando "Mas isso existe?". Indagação adequada visto que sempre nos dizem que razão e emoção são sempre contrárias uma à outra. Eu mesmo até pouco tempo acreditava nesse dualismo, nesse branco e preto, mas, como já disse, minha mente se diluiu em tons de cinza, e com ela minhas crenças também. Bom, respondendo a pergunta: sim, isso existe!

Muito bem, paremos com esses rodeios. O filme me pareceu tão bom, que não vi necessidade de alguém nem mesmo de entender racionalmente o filme. Simplesmente não precisa. Tudo o que deveria ser passado pelo filme, nos é transmitido através de referências emocionais, não lógicas. Inclusive, algum desavisado poderia assistir apenas alguns pedaços do filme, pois eles já se bastam por si. Enfim, o filme é bom.

Para quem se interessar de alguma forma, o nome do filme é "Ils se Marièrent et Eurent Beaucoup d'Enfants".

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Essay #1

[Nota: Nada melhor para publicar.]

What else could be done,
if they're all gone?

What else could be said,
when all you've got left is yourself awake in your bed?

All the memories,
I must burn,
'Cause if I don't, they would turn
all into huge tragedies.

When I write,
I pay attention to the dark ink.
I don't even blink;
Won't anything ever be just right?
Maybe, the problem is that I over-think.



I dreamed of us and of our trust,
But, unfortunately, we were crushed by our lust.

"Something borrowed, something blue"
is what they say; and now all I had to say, I just said everything to you.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Laicismo - Parte 1: Educação

Essa postagem será diferente das outras que costumo deixar aqui.
Apesar de ser agnóstico, procuro não enfatizar essa minha escolha aqui no Memórias Dissolvidas, assim como optei por não tocar em assuntos religiosos no blog, a não ser em eventuais postagens onde o fator religioso seja importante para a história, conto, poesia, prosa, etc.. Entretanto, após ler uma postagem recente no site Livres Pensadores, que convida quem tem blog(s) e/ou afins a postarem sobre este tema, o laicismo.

Bem, como já disse, hoje estou aqui para falar sobre algo realmente muito sério; a necessidade urgente de um Estado verdadeiramente laico, ao menos no Brasil que é o país onde nasci, e sempre morei, sendo assim meu único exemplo de Estado que conheço de verdade.

Segundo a Constituição Brasileira de 1988, especialmente de acordo com os Artigos 4º e 5º, todo brasileiro, todo estrangeiro com visto para morar no Brasil ou todo extrangeiro naturalizado brasileiro tem direito a liberdade de crença. Ainda segundo a Constituição vigente, no Artigo 5º, parágrafo II lê-se:

"II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;"

Ora, sendo garantidas tanto a liberdade de crença (e portanto da falta de crença também) e a não obrigatoriedade de fazer algo salvo em virtude da lei que abrange a todos, chego à conclusão de que ninguém deve ser influenciado por nenhuma doutrina religiosa ao se tratar de assuntos públicos. Por esta razão, nas Leis de Diretrizes e Bases de 1996 lê-se em seu Artigo 33º:

"Art. 33º. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido, sem ônus para os
cofres públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus
responsáveis, em caráter:
I - confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável,
ministrado por professores ou orientadores religiosos preparados e credenciados pelas
respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou
II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se
responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa."

Ok, esta é a teoria. Mas na prática sabemos que é bem diferente.
Eu, particularmente, tive a sorte (e privilégio) de, antes da faculdade, estudar em escolas e colégios privados. Foram quatro colégios; três de orientação católica e um de orientação adventista. Em todos dizia-se que as aulas de religião eram facultativas, mas na prática não eram, pois todo o corpo docente das instituições forçava os alunos a participarem das aulas de religião - que na maioria das vezes se pareciam mais com aulas de conversão, doutrinamento forçado aos alunos, não importando a opinião do mesmo. No caso do colégio de orientação adventista, os alunos eram incllusive forçados a participarem de rituais religiosos (cultos) que ocorriam no colégio, o mesmo ocorreu em alguns períodos em uma escola católica onde também estudei. Tudo isso deixou claro que o ambiente não era laico, por mais que se propusesse. Quanto a isto, pouco podia fazer, afinal, por serem instituições privadas e não públicas, elas poderiam oferecer as aulas de religião como bem entendessem, e inclusive impor como matéria obrigatória a mesma. É claro, não poderiam obrigar uma conversão do aluno, pois isto é crime.
Também é salutar lembrar que todos os cômodos e até os corredores dos colégios tinham referências religiosas, o símbolo do adventismo do sétimo dia no colégio adventista, e cruzes e imagens de santos nos colégios católicos.

E quanto às escolas públicas? Bem, nestas encontra-se cruzes quase sempre, nas salas de aula ao menos. Isso passa um caráter de escola com ensino religioso confecional. Mas há um porém: só é confecional para católicos apostólicos romanos, e tentando extender ao máximo, para cristãos, ou ainda pessoas com mais de uma religião, caso haja alguma. Uma pessoa budista, ubandista, espírita, satanista, hinduísta, islâmica, judia, zoroastrista, xintoísta, confucionista, taoísta, entre outras várias religiões, não seria contemplado(a) com o mesmo benefício do caráter confecional, uma vez que não há um professor ou uma equipe confecional para isto. Na verdade, se cada escola tivesse uma equipe para cada fé de cada aluno ou ainda para cada fé de cada possível aluno, o corpo docente seria gigantesco tamanho é o número de fés diferentes que existem. É óbvio que as chances do aluno ser católico são grandes, pois o Brasil é o maior país católico do mundo. Entretanto, as políticas públicas e de educação não devem ser pautadas pela proporção de uma crença, uma vez que o Estado é oficialmente laico. Por isso, creio que a educação religiosa deva ser intercofessional. Porém, sem doutrinamento algum, visto que ninguém deve ser doutrinado em uma determinada religião ou filosofia caso não queira. Acredito ainda numa outra saída: o banimento do ensino de religião, ao menos nas escolas e colégios públicos; porém esta medida talvez não seria tão boa, pois empobreceria a cultura da população, no caso, dos alunos (digo isso tendo em vista que todas as religiões representam em sua totalidade um reflexo da cultura de um povo). De qualquer forma, no fim das contas, o importante é que as instituições públicas de ensino sejam laicas, tal como o Estado deve ser, caso contrário, podem haver consequências desagradáveis, ruins e até mesmo desastrosas em casos extremos.

Gostaria de deixar claro que não sou favorável ao fim das narrativas religiosas, de seus contos e da cultura que permeia cada religião existente. Talvez eu me incline sim para uma visão de que seria melhor um mundo sem religiões, mas definitivamente sem deixarmos de conhecer as religiões que existiram até hoje, pois seria uma perda irreparável para humanidade caso repentinamente perdessemos todo o enorme acervo histórico e cultural que as religiões nos proporcinaram com o passar dos milênios. Como o inglês Richard Dawkins diz, a mitologia das religiões são excelentes meios para a produção cultural ainda que esta não seja partidária da mitologia utilizada - como exemplo disso temos os infindáveis escritos da Era Moderna que mesmo sendo escritos normalmente por cristãos, se referem às mitologias greco-romanas da Antiguidade, em tom poético e belo. Enfim, essa postagem não é tampouco um atentado contra a liberdade religiosa e/ou de expressão.

Dito isso, como fim da primeira parte de Laicismo, deixo a proposta de três vídeos. Primeiramente parte de um discurso do presidente americano Barack Obama, que mesmo sendo americano, trata de assuntos que o Brasil partilha com os Estados Unidos, e com qualquer outro país laico no mundo. O segundo vídeo é a primeira de cinco partes do programa MTV Debate, com o tema 'Religião na Escola Pública?', exibido em Setembro de 2009. Por fim, o terceiro vídeo, é a parte inicial de um total de quatro partes do programa Trocando Idéias, da TV Justiça, exibido em Agosto de 2009 que teve como tema 'Ensino Religioso nas Escolas Públicas'.

Seguem os vídeos, na ordem:

1- Discurso de Obama:
http://www.youtube.com/watch?v=_IHQr4Cdx88

2- MTV Debate:
http://www.youtube.com/watch?v=vbL1uok56FM

3- Trocando Idéias:
http://www.youtube.com/watch?v=nOgAbriglGE&feature=related