domingo, 17 de julho de 2011

Tons de Cinza

Hoje. Agora.
Minha mente se dissolveu
Meu coração a obedeceu
E assim foi; em tons de cinza e em boa hora.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Pasalix

Ansiedade,
me consome com velocidade,
deve ser coisa da idade,
da cidade.

Pasalix.

... 
De forma nada bela,
acaba o fogo de uma vela.
Continuo pensando nela,
atravessando a passarela.

Pasalix.

Mais uma vez,
escassez!
Com tamanha nitidez
observei o fim da fluidez.

Pasalix.

O tempo passa,
e me amassa.
Arde a massa,
o pão assa.

Pasalix.

Estou cansado.
Me encontro curvado,
a quanto não fui abraçado,
abalado preso a meu pesar privado.

Pasalix.

Aparentemente, vida dissolvida em amônia;
Alguma guerra em uma ex-colônia.
Conflitos na Macedônia.
Ah! Insônia!

Bem... Pasalix.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

E no princípio havia o verbo, e o verbo era:

Não sei até que ponto isso é um sonho. Não sei quando vai terminar ou mesmo se vai. Sei que os caminhos parecem ter se fechado, um a um. Sei também que todas as cascas e fachadas estão rachando e logo estarão a cair.

Nota-se ainda que a cobrança, a andança e a insegurança são a constante. Em um instante se tornaram a vigência. Incessante. Agonizante... Disseram-me que eu passaria sim por provações no caminho do vale das sombras da morte, mas me omitiram que este vale se estende por todo o mundo. Não há clemência. Lugar imundo.

A vida parece um enxerto. Um enxerto que tem ganho ares de parasitismo. Pessimismo? Não duvido. Não sei se por ser um pesadelo ou por estar à beira do desfiladeiro não me deixo transpassar as lástimas, perdas, frustrações e os desejos. Aliás, falar o quê? Falar a quem?

Brigamos, cantamos, falamos, dançamos. Fazemos, escondemos, comemos, escrevemos. Caímos, nos ferimos, nos abrimos, nos partimos. Pomos então tudo a prova. Tudo acontece no agora. -Espere! Tudo acontecia! Já não há agora, não há hoje, quem dirá amanhã. Há apenas o ontem, os ontens. Ao passo que o frio do inverno, em suas geadas e ventos com aspecto glacial, enrijece cada folha nos campos e nas cidades, enrijece também nossas ações, descartando tudo o que existia de especial.

Passamos então a conjugar a vida assim:
Brigávamos, cantávamos, falávamos, dançávamos. Fazíamos, escondíamos, comíamos, escrevíamos... Caíamos, nos feríamos, nos abríamos, nos partíamos. - Hmm, algo não parece certo. O inverno não enrijeceu-nos de todo, um verbo ainda se mantém. Não devemos dizer "nos partíamos", e sim "nos partimos". Partir, ah sim! Este verbo ainda praticamos!

Bom, não devo mais me tardar muito. Chego ao ponto em que tento achar uma rima, qualquer que seja, Mas me deparo com o seguinte pensamento: Porque rimar? Porque desgastar-me visto que rimar é criar pares,trios; é criar relações? Não parece fazer sentido exercer algo desta natureza. Não num mundo destes. Não numa vida destas, onde não existem pares. Nesta vida, não existem rimas.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Não

Acha que vai 'ser alguém'? Acha que vai passar pelos obstáculos friamente e atingir o que quer? Pensa que estarão cá como quando você esteve lá? Acredita no bom porvir? Acredita no bom 'agora'? Te julgas capaz? Te julgas vivo? Supõe que seja normal, ou ainda que tudo seja legal?


....


Desculpe, creio que não. Não seremos ninguém. Não passaremos por nenhum obstáculo sem que antes ele nos esmague. Não haverá ninguém conosco. Não existem esperanças para o futuro. Tão pouco existe um presente agradável. Não és, não somos capazes. Estás morto, como eu e como eles. Não é normal, e se é, não deveria; nada é "legal".


Este lugar é frio, árido, estéril e solitário. O que exatamente você acha que está fazendo aqui?